terça-feira, 18 de março de 2014

Sobre fogueiras

Diante de um cotidiano tão cheio de ocupações e com pouco espaço pra gente parar pra pensar, de repente a gente tem uns estalos de consciência (insights, epifanias, chame como quiser).

Quando a gente é criança, fazer amigos parece a coisa mais fácil do mundo. "Oi, você tá sozinho? Eu também. Eu tenho uma boneca, quer brincar comigo? Legal." Pronto, ganhou-se uma amiga e uma tarde de brincadeiras.

Quando a gente é adolescente, a coisa complica um pouco, mas ainda assim, pelo contato diário forçado que é a escola, você acaba encontrando afinidades."Você também gostou desse livro? Você também dança? Você é esquisita igual a mim. Você pode me ensinar física?" Pronto, encontrou-se alguém com quem compartilhar as dificuldades dessa fase da vida.

Quando a gente entra na vida adulta, ainda que eu esteja só no comecinho, não é tão fácil. De repente cada um está na sua própria bolha, envolvido com seu curso na faculdade, com seus novos amigos, com seus estágios, trabalhos, namorados e objetivos. Eu, inclusive, me encontro na minha própria bolha.

O estalo (insight, epifania, etc etc) se deu quando eu percebi que, independente das pessoas que eu conheça, do que eu estude, de onde eu trabalhe, sempre tem aquelas amizades que permanecem. É como aquela frase brega e clichê: o vento apaga as velas e atiça as fogueiras. O vento sendo, no caso, essa nova realidade que vivemos. As velas são as pessoas que não estão mais tão presentes - e nem querem estar, e às vezes é melhor que não estejam. 

E as fogueiras são aquelas poucas, pouquíssimas, que se mantém. Agradeço o tempo todo pelas fogueiras que me cercam, e talvez precise dizer isso mais vezes a elas. 

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